Ser Mãe!

Semana que vem o Miguel faz nove meses. É incrível como passa rápido e como cada dia surgem novidades. Ontem mesmo o Miguel aprendeu a bater palminhas. Foi engraçado por que eu estava tentando ensinar a um tempo e ontem, quando eu menos esperava, ele aprendeu. Claro que eu fiquei babando... liguei para o Bebeto, filmei, tirei fotos.

Ter filho eh muito bom, mas eh preciso pensar muito antes de se engravidar. Exige além de muita responsabilidade, paciência e muita forca. Um exemplo disso eh que há 9 meses eu não durmo uma noite inteira e nos últimos dias tenho dormido menos ainda. Tem noites que o Miguel acorda 10 ou 11 vezes. Acorda chorando, querendo que eu nine ele pela casa. O pior eh que quando deito de novo, ele acorda chorando e querendo andar novamente pela casa. Todo mundo diz que eh só uma fase, que talvez sejam os dentes, que talvez seja algum pico de crescimento ou desenvolvimento, dor de barriga, medo. Mas essa fase não acaba nunca. Tem dias que acho que não vou aguentar. Não acho justo dividir com o Bebeto os cuidados noturnos, já que ele trabalha fora. Também não consigo dormir durante o dia. Então estou sempre cansada e ainda tenho que ter pique para brincar, cantar musiquinhas, passear com o Miguel, organizar a casa e me manter bonita para o Bebeto. Parece fácil pra vocês?

A verdade eh que ter filho cansa demais. Mas, tirando o trabalho, ter filho eh muito recompensador. Acordar de manha com um rostinho lindo sorrindo pra você, ver a felicidade do seu filho ao ganhar um brinquedo novo, morri de rir com as tentativas dele aprender a comer e sujar desde a roupinha que você acabou de trocar ao teto da casa, batendo palminha pela primeira vez, falando as primeiras palavras. Então, apesar de exausta posso dizer que estou imensamente feliz em ter o Miguelzinho. Ele tem trazido muita alegria para mim e para o Bebeto e nos tornado pessoas bem melhores.

Texto mais verdadeiro que já li sobre a maternidade:

"Estamos sentadas almoçando quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'.
'Estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Vc acha que eu deveria ter um bebê?'
'Vai mudar a sua vida,' eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro
'Eu sei,' ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas.'
Mas não foi nada disso que quis dizer. Olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela Quero que ela saiba o que nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.
Penso em alertá-la que nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando vir fotos de crianças morrendo de fome, se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer. Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzí-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.
Sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê.
Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem. Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe.
Olhando para minha atraente filha, quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que também começará a desejar por mais anos de vida - não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
Quero que saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra. O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como pensa. Queria que entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Acho que deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje acharia nada românticas.
Gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.
Espero que possa entender porque posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.
Quero descrever à minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que prove a alegria que é tão real que chega a doer. O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.
'Vc jamais se arrependerá', digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto sua mão e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado de Deus... que é ser Mãe."

Vídeo do Miguelzinho