30 de outubro de 2009

Ich habe bestanden!!!

Na quarta recebi um telefonema de um amigo do curso que tinha acabado de receber o resultado da prova. Por causa disso, passei os últimos dois dias descendo e subindo as escadas a cada 5 minutos para verificar a caixinha de correspondências e tentando entender por que só o meu resultado não chegava (a essa altura já tinha mandado email para outros estudantes e eles já tinham recebido). Sem falar nas horas de sono perdidas por causa de uma mistura de ansiedade e medo de não ter passado. Finalmente o resultado chegou hoje. Quando peguei o envelope, respirei fundo, contei até 10 e apesar de estar bamba consegui abrir e ler o resultado. Foi um alívio! Não só passei no nível B1 como tive um excelente aproveitamento (mais de 95%). Estou muito feliz por ver o resultado do meu esforço. Aqui na Alemanha as pessoas valorizam muito a nota e conseguir um "sehr gut" (muito bom) significa abrir muitas portas tanto na minha vida acadêmica quanto na vida profissional.

Como é bom traçar objetivos, batalhar muito por eles, vencer os obstáculos, abrir mão de outras coisas em função do que você quer alcançar e no final ver que cada esforço valeu a pena. Foram muitos dias levantando cedo da cama, viajando diariamente debaixo de chuva ou sol, tendo que me dividir entre os serviços da casa, filho, marido e os estudos. Não é uma língua fácil, minha primeira língua estrangeira, então ao longo do tempo tive que ir descobrindo o meu método de aprendizado e vencendo muitas dificuldades, que confesso nao foram poucas. Não pretendo parar por aqui. Tenho muitos planos, muitos desejos e estou certa que tenho muito potencial e muita forca de vontade para chegar ainda mais longe e já estou caminhando em direcao ao meu novo objetivo. Então logo estarei aqui comemorando o meu certificado B2 ou quem sabe o C1.

Aproveito para agradecer a cada pessoa que torceu por mim, que deixou aqui sempre o seu incentivo para que eu não desistisse. Acima de tudo agradeço a Deus que tem sido fiel a mim em todas as suas promessas! Agradeço ao meu marido pela paciência, carinho, compreensão e por sempre acreditar em mim; agradeço ao meu filho que foi a minha forca e a minha alegria nos momentos de fraqueza, quando eu pensava que não iria conseguir. Dedico essa vitória aos meus pais que sempre me ensinaram que com dedicação, humildade e fé em Deus posso chegar onde eu quiser.

29 de outubro de 2009

Dias difíceis

Tem dias que as coisas parecem mais difíceis que o normal! E aja paciência com os telefonemas estressantes, aja paracetamol para a dor de cabeça depois de tentar ajudar alguém que não quer ser ajudado a resolver seus problemas que ainda nem existem, aja jogo de cintura para não descontar nas pessoas que estão ao seu redor os resquícios do estresse alheio que sempre caem sobre você (mesmo que você esteja a mais de 10.000 km de distância), haja forca de vontade para não enfiar a cara no chocolate ou qualquer coisa super calórica que faca tudo parecer melhor...

[...] "afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte" [...] José Saramago

28 de outubro de 2009

Despedida do Miguelzinho

Na semana passada o Miguelzinho também se despediu da escolinha e aproveitou o último dia para fazer o que ele mais gostou de fazer durante os quatro meses que esteve lá: dormir! Até que tentei acordar o dorminhoco para fazer umas fotos, mas ele ficou com um péssimo humor, chorou muito e passou o resto da manha no colo. Recebi uns trabalhinhos que ele fez na escolinha e confesso que me derreti feito manteiga. Chorei muito e cada vez que olho o livrinho que as professoras fizeram choro de novo. Sensibilidade que só as mães podem entender e que ninguém consegue explicar!




23 de outubro de 2009

Festa de despedida do curso


Viva as diferenças que não tem a menor importância nas relacoes onde prevalecem o amor, o respeito e a tolerância.





Viva as nacoes tão distantes, tão diferentes. Dividas por fronteiras, oceanos, línguas, fuso horários, diferentes culturas, porém unidas por algo maior: a amizade.





Que essa despedida não sirva para trazer um adeus, mas um breve até logo...





Que signifique acima de tudo que vencemos mais uma etapa das nossas vidas e que agora caminharemos juntos numa outra direcão.





Juntos sim, afinal ninguém que passa pela nossa vida pode sair sem deixar um pouco de si e levar um pouco de nós.





21 de outubro de 2009

Lembranças


Desde ontem sabia que não iria a aula hoje. Primeiro por que esses últimos dias de curso tem testado a paciência de todo mundo. Ninguém tem vontade de estar ali, inclusive as professoras que vão arrastando a matéria e que olham o relógio a cada minuto como se pudessem acelerar os ponteiros com os olhos. Segundo por que queria curtir preguica e levantar depois das oito (como se o Miguelzinho deixasse).

O engraçado é que perdi o sono de madrugada e fiquei pensando no primeiro dia que "matei" aula. Sempre fui muito certinha, estudiosa e muito responsável com a escola e cabular aula era uma coisa que estava fora do meu vocabulário. Na oitava série, com 13 anos, estudava num colégio de padres em Belo Horizonte. Eles eram muito rigorosos quanto ao ensino e ao comportamento dos alunos. Uma vez por semana eramos "convidados" a passar uma hora rezando numa sala. Além das oracoes, o padre fazia um sermão, daqueles que adolescentes não tem o menor interesse em ouvir. Um dia eu e mais duas amigas saimos discretamente da sala e fomos brincar no parquinho atrás da escola. Não me esqueço desse dia. Me lembro de estar no balanço e avistar um padre vindo em nossa direcao. Nós três totalmente inexperientes nesse tipo de aventura, nos vimos num desespero total. Quando o padre chegou eu fui logo dizendo: "Estamos procurando a minha chave. Eu perdi ela por aqui." O problema é que não sou uma pessoa muito boa em pegar mentiras, então bastou o padre olhar no meu rosto vermelho para saber que nós estavamos era fugindo do "Bom Dia". Foi a minha primeira e única advertência durante toda a minha vida acadêmica.

Não sei por que me lembrei disso de madrugada. É engraçado como algumas coisas ficam guardadinhas dentro da gente e como vem a tona sem maiores explicacoes. A mente da gente é uma caixinha cheia de surpresas, segredos, doces e amargas lembranças que se acumulam ao longo da vida. Adoro quando consigo trazer para fora as coisas que me fizeram tão bem no passado e que de alguma maneira colaboraram para que eu me tornasse quem sou. Também gostaria de reencontrar algumas pessoas que se perderam nos caminhos da vida para dividir essas lembranças, gargalhar das coisas que partilhamos e de uma certa forma reviver tudo de novo. Não sei por onde andam essas duas amigas, Ana Paula e Kênia, mas espero de coração que eu ainda tenha a oportunidade de reencontrá-las pelos caminhos da vida.

Ah, essa foto não é da mesma época, mas vale bem para ilustrar esse meu momento nostalgia. Eu e meu primeiro namorado (sim era um chinês! hahahahahahaha) dançando quadrilha na escolinha.

20 de outubro de 2009

Para cumprir...

Listinha para cumprir:
  • responder uma infinidade de emails;
  • fazer uma visitinha diária pelos meus blogs favoritos e comentar, coisa que adoro mas que nao tenho tido tempo;
  • responder os recadinhos deixados aqui;
  • atualizar minha lista de favoritos;
Espero conseguir ir me atualizando a partir da próxima semana quando estarei de férias da escola. Mas, como continuarei com as tarefas de mãe e esposa em tempo integral, não posso prometer que serei muito rápida em cumprir essa listinha. Então não desistam de mim, ok?

17 de outubro de 2009

Sobre o amor...

"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção." Antoine de Saint-Exupéry

16 de outubro de 2009

Enquanto isso, a neve cai lá fora...

Tirei a tarde para relaxar um pouco, coisa que a muito tempo eu não experimentava. Já que não posso vencer a preguiça, resolvi me entregar a ela com tudo que tenho direito: edredon, pantufa, chá quente e biscoito de nozes. Infelizmente e bem antes do que eu esperava, o frio chegou para valer por aqui, o que pode significar que devemos nos preparar para um inverno bem rigoroso. O que me anima é saber que passarei parte do inverno curtindo o verão do Brasil (contagem regressiva: menos de 3 meses).

Na próxima semana será a última do curso de alemão. Já estou sentindo falta da rotina corrida e das pessoas que conheci lá. É incrível como me apego facilmente e como geralmente me decepciono. Um dos amigos mais especiais que fiz no curso, saiu depois da prova sem se despedir de mim e nem disse que não voltaria para continuar o curso. Algumas outras pessoas de lá também demonstram não terem a menor intenção de se encontrarem novamente quando o curso terminar. Sem falar na organização da nossa festa de despedida. Eu cheia de ideias, querendo levar música típica, fazer um mural de fotos com bandeiras e curiosidades sobre os países, e a maioria preferindo uma coisa rápida e simples. Realmente as diferenças culturais saltam aos olhos.

Essa semana comecei a organizar a festinha do Miguel. Escolhemos o tema, alugamos a decoração, fechamos o local da festa. Eu e minha mãe temos trocado muitas ideias por telefone e pretendemos fazer quitutes deliciosos para o aniversário. Como estarei na casa dela nos dias anteriores a festinha, terei a oportunidade de ajudar nos preparativos das guloseimas. Optamos por fazer uma festa simples, como a do ano passado, primeiro por que nessa idade as crianças não aproveitam tanto e por que estamos economizando para a festa de casamento. É incrível como custa caro fazer festa no Brasil! Não vejo a hora de colocar a mão na massa: fazer os convites, cortar as forminhas, fazer os docinhos, escolher as lembrancinhas. Como no ano passado, quero fazer o máximo de coisas que eu conseguir, por que isso é uma das coisas que mais me dá prazer. Adoro organizar a festa e participar de tudo, principalmente sabendo que faço tudo pelo meu filhotinho.

Enquanto eu escrevia esse post, comecou a nevar por aqui... Mais um sinal que devo continuar por aqui debaixo do edredon.

9 de outubro de 2009

As coisas por aqui

Passei a semana passada toda querendo escrever no blog e dividir com vocês um pouco da minha ansiedade por causa da prova de alemão. Por outro lado, a ansiedade era tanta que não conseguia passar mais que dois minutos sentada na frente do computador. Começava a escrever alguma coisa e simplesmente travava. A prova foi na última sexta e apesar de ainda ter outra prova daqui a dez dias (mas não tão importante quanto a outra) acredito que a ansiedade não continue por aqui.

Dá para acreditar que o Miguelzinho tenha ficado doente faltando apenas 2 dias para a prova? Febre e garganta inflamada garantiram a ele 3 dias de atestado, ou seja, ele só voltou à escolinha ontem, para não "contaminar" as outras crianças. Perdi a revisão da prova e o inicio do curso de orientação para ficar em casa cuidando dele. Na sexta enquanto eu fazia a prova, o Bebeto cuidava dele aqui em casa. Como eu já havia previsto que algo poderia acontecer (nada de bola de cristal, apenas algo que a gente aprende quando se torna mãe: crianças sempre adoecem quando não podem adoecer), ele nao marcou nada muito importante no trabalho e pediu a manha livre.

Confesso que por alguns minutos fiquei muito chateada com essa situação de ter que lidar com o Miguel doente e a prova. Me dediquei muito e no últimos minutos do segundo tempo, tive que perder aula e explicacoes importantes. Quando precisei estar bem descansada ,não pude dormir bem para cuidar do Miguel. Mas a chateação durou apenas um pouco, pois percebi que tudo isso aconteceu por uma razão. Sempre que vou passar por algo muito importante, como essa prova (pois meu visto e meu futuro profissional aqui dependem dela) fico muito nervosa. Para terem ideia tive dores horríveis no estômago, sem falar que minhas unhas nem existem mais. Tendo que ficar em casa por dois dias, percebi que nem tudo depende exclusivamente de mim. Tudo muda o tempo todo e não podemos controlar o mundo de acordo com as nossas vontades. Confesso que com isso tudo fiquei bem mais tranquila e confiante para fazer a prova, afinal fiz a minha parte e tive certeza que mesmo que tudo não tenho saído do jeito que planejei, tudo foi ainda melhor. Acredito muito que tudo que plantamos, colhemos. Tudo que damos, nos é devolvido. Então se fiz bem a minha parte, mesmo enfrentando algumas dificuldades pelo caminho, certamente colherei os resultados do meu trabalho. Nada mais ou menos do que o justo.

4 de outubro de 2009

Sobrevivendo ao despatriamento e sendo feliz


Nunca quis sair do Brasil, era daquelas que defendia até a morte a ideia de que se era brasileira deveria viver ali para sempre. Viver no exterior não fazia parte de nenhum dos meus planos, muito menos dos meus sonhos. Mas um dia acordei e vi minha vida mudar completamente. Precisei tomar uma difícil decisão: além de deixar minha família e amigos, o que para mim sempre foi a parte mais difícil, tive que encarar a vida num país de cultura, costumes, comida e clima completamente diferentes do Brasil. E tudo isso sem falar uma palavra de alemão ou de inglês. Eu tinha todos os motivos para odiar a minha vida aqui, sem amigos ou família, vivendo 8 meses de um inverno rigoroso, totalmente incomunicável, isso sem levar em consideração as dificuldades financeiras que passei nos primeiros dois anos, uma gravidez não planejada e as dificuldades do primeiro ano de casamento.

Não foi fácil para mim e confesso que em alguns dias ainda não é. Mas, uma das coisas mais válidas que aprendi é que a felicidade depende somente da gente mesmo, é uma escolha que fazemos todos os dias independente do lugar onde vivemos, do clima, da comida ou das pessoas que estão ao nosso redor. Quando escolhemos seguir um caminho, devemos estar cientes que existirão vantagens e desvantagens e que algumas coisas terão que ser sacrificadas em função de outras. E as escolhas que fazemos ao longo da nossa vida, são exclusivamente de nossa responsabilidade, então não vale a pena viver culpando os outros e nem descontando neles as nossas frustracoes. Muito menos culpar o novo país pelas coisas que deixamos para trás.

Viver fora não é fácil e acredito que dividir experiências com outras pessoas que passam pelo mesmo que a gente facilita muito, mas não acho que aja uma cartilha com conselhos certos, afinal cada um é cada um, e só a gente sabe o que vai dentro da gente. Dizer que não dói muito ter que recomeçar uma vida nova longe da nossa "casa" seria mentira, mas posso garantir por experiência própria, que é possível encontrar uma nova vida de muitas conquistas, realizacoes e felicidade. E a coisa mais importante para sobreviver a esse despatriamento é se abrir a novas experiências, vencer o medo que nos persegue quando estamos prestes a vivenciar algo novo, e se permitir experimentar o "novo" livre de preconceitos. Existirão coisas melhores, outras piores, você terá que lidar com situacoes nunca vivenciadas, você terá que começar muitas coisas do zero, terá que aprender a lidar com sentimentos novos e dolorosos.

Mas se esse foi o caminho que você escolheu, não desista diante das dificuldades. Enfrente seus medos, vença os obstáculos com aquela forca e determinação que nós brasileiros conhecemos bem, não fique em "pause" esperando para viver quando voltar para o Brasil. Não se isole, se misture com os nativos (mesmo que inicialmente eles te pareçam frios), faca novos amigos, aprenda a língua (por mais difícil que seja), procure o seu lugar (um trabalho, um curso ou até mesmo dentro de casa), curta o diferente (se delicie com as cores do outono, escorregue nos montes de neve, aproveite para usar aquele casaco que você sempre desejou ter e nunca poderia usar no Brasil), abuse da modernidade para estar pertinho daqueles que você ama e amenize um pouco a saudade (skype, voip, msn). E divida suas experiências com outras pessoas que estão por ai vivendo as mesmas dificuldades que você. Fazendo isso, além de ajudar, voce trará uma alegria enorme para a sua vida.

Esse texto foi escrito especialmente para a Blogagem Coletiva: Sobrevivendo ao despatriamento e sendo feliz, proposta pela Ciça.

3 de outubro de 2009

Rio 2016

Foto: Internet

Não me sinto feliz pela vitória do Rio na escolha da sede das Olimpíadas de 2016 e confesso que torci contra. Nao, não virei europeia, não deixei de lado a minha pátria e o meu coração ainda é (e sempre será) verde e amarelo, contudo acho que o Brasil não esta preparado para um evento desse porte e gostaria que o governo se propusesse a melhorar as coisas não por causa de um evento, mas por causa de um povo sofrido, que merece e que necessita de uma vida mais digna.

Ok, não posso negar que há pontos positivos: é a primeira vez que um país da América do Sul vai sediar um evento desse porte, a economia será impulsionada, será necessário investir dinheiro na infraestrutura da cidade (dinheiro que hoje vai para o bolso de alguns). Torço para que esses pontos positivos se destaquem mais que os pontos negativos e espero que para que se consiga um resultado positivo, os políticos não usem a famosa tática do "jeitinho brasileiro", negociando com os traficantes dos morros para garantirem a segurança durante as Olimpíadas, criando novos impostos (CPO - contribuição provisória das olimpíadas) e espero mais ainda que os sorrisos nos rostos dos brasileiros que vibraram ontem e que vibrarão sempre pelo nosso país dure mais que apenas 17 dias de jogos.

Agora outra coisa não posso negar: É realmente uma cidade maravilhosa!