30 de março de 2012

14 de março de 2012

Pais separados, filhos desajustados

Acho que todo mundo sabe o quanto uma separação é dolorosa para o casal, mas acho que só os filhos de pais separados sabem de verdade o quão devastador é na vida deles. Tenho recebido muitas noticias de casais de amigos que tem se separado. Muitas vezes me assusto com o curto tempo entre o casamento e a separação. Fico bem triste por eles, mas me sinto aliviada quando sei que o casal não tem filhos. Eu não quero julgar, e nem posso, afinal cada um sabe as dificuldades que vive dentro das suas quatro paredes e os limites do que pode aguentar.

Ninguém quer viver infeliz, em meio a brigas constantes, numa relação falida e que só gera sofrimento. Quem não sonhou em se casar com o príncipe encantado ou com uma gueixa? Mas, sejamos bem sinceros, não há relação perfeita, nem mesmo em contos de fadas. A gente arrasta conosco para dentro do casamento a ideia de ter encontrado a pessoa perfeita. Aquela que vai te preencher em tudo, te surpreender sempre, que vai te ouvir e te compreender incondicionalmente. Nem passa pela cabeça da gente, que cada um traz uma vida inteira consigo e junto dela costumes diferentes, concepcoes diferentes, aprendizados diferentes dos nossos. E a maioria não está a fim de se adaptar, ceder e aprender a conviver com alguém diferente de si e diferente da fantasia que foi criada antes da rotina do dia a dia. Dai surgem as brigas, a incompatibilidade de se viver junto, a perda do respeito, da paixão, do amor.

Eu vivenciei tudo isso, desde muito cedo e sei bem o que eu estou dizendo. A separação, por mais amigável que seja, gera traumas. Não importa quão bem resolvido o filho seja, o quão amado ele sinta ou quantos anos ele tenha, a separação é sempre um impacto doloroso e que vai gerar marcas profundas e eternas. Marcas que nem terapia pode apagar. Tem dezoito anos que meus pais se separaram e eu ainda me pego pensando como a vida seria diferente se aquela sexta feira não tivesse existido. Guardo lembranças dolorosas demais daquele dia. Hoje sem mágoas, sem atribuir culpa a nenhum dos dois, sabendo que foram circunstâncias da vida. Mas, levei tempo para chegar aqui, sofri muito na caminhada e não posso dizer que me curei por completo da dor.

Pelas experiências dos dois, pelo sofrimento que passamos e com a maturidade, sei que eles fariam diferente. Eles teriam evitado brigas, principalmente na nossa frente, teriam escutado menos as pessoas de fora do relacionamento, teriam tentado entender a dor que cada um trazia de antes da relação e não teriam gastado tanto tempo punindo o outro por tudo. Eles teriam se respeitado mais, se amado mais e teriam colocado Deus à frente do relacionamento. Mas, o tempo não volta. A vida toma rumos diferentes dependendo do caminho que a gente toma; muitas vezes caminhos de mão única e sem direito a fazer retornos. E a maturidade não vem do dia para a noite. Muitas vezes levamos anos e anos, para enxergar as coisas com clareza, infelizmente.

Não acho que ninguém deva viver uma vida de sofrimento em função dos filhos, mas acho que deve-se pensar muito na vida que você vai oferecer aos filhos antes de trazê-los ao mundo. Filhos devem ser frutos do amor de um casal, de uma relação sólida de confiança, respeito e amizade. Não estou dizendo isso como a dona da verdade, a mulher que vive uma relação perfeita e que não vai errar nunca. Estou dizendo isso como filha de pais separados, uma filha que sofreu muito e que viu seus irmãos sofrerem com o fim do casamento dos pais. Uma pessoa que tem visto filhos de pais separados que vivem como iô-iô de um lado para o outro, no meio da confusão e disputa dos seus pais. Crianças que são usadas pelos pais para atingir e punir o outro pelo fim da relação. Outras, abandonadas pelo pai ou pela mãe, tendo que viver com a ausência e o peso da culpa do fim do casamento.

Eu nem sei por que eu escrevi esse post. Um desabafo, talvez. Uma necessidade de colocar para fora um turbilhão de sentimentos despertados pela noticia de tantos divórcios. Eu nem tenho fórmulas mágicas para amenizar a dor de um filho que passa por essa situação, nem conselhos para os pais. Eu apenas queria poder dizer aos meus amigos que estão grávidos, aos que tem filhos pequenos e grandes, aos que estão de casamento marcado e a mim mesma: cuidem bem do seu amor e dos seus filhos. Reguem todos os dias o relacionamento e cuidem um dos outros para que o amor se fortaleça. Não caiam na cilada de que existem relacionamentos perfeitos. Viver junto sempre será difícil e complicado. Cedam quando necessário, entendam as diferenças do seu parceiro e aprendam a viver com elas. Construam uma relação de amor e um lar feliz para os seus filhos, baseado acima de tudo no respeito. Ter filhos é um presente de Deus e criá-los num lar saudável, sem brigas e acusacoes, vai fazer toda a diferença no futuro deles.

P.S. É um assunto muito controverso, por isso quero deixar claro que tudo o que eu escrevi, foi inspirado na minha vida e nos meus sentimentos de filha, sem a intenção de magoar ou ofender ninguém. Cada um tem o direito de compartilhar a sua opinião, mas também tem o dever de respeitar o direito e os sentimentos do outro.


12 de março de 2012

Na saúde e na doença

Eu confesso que estou sentindo saudade dos vinte graus negativos de algumas semanas atrás. Eu sei! Sempre digo que odeio frio e odeio mesmo. Mas, quando o frio é de lascar, as bactérias e vírus também congelam e ninguém do lado de cá fica doente (teoria de botequim sem nenhum fundo cientifico, viu?). Basta as temperaturas começarem a subir e é um tal de surto de magen-darm (gastroenterite), resfriados e "n" tipos de gripe, que ninguém dá conta.

Há duas semanas atrás, Miguel teve um pouco de febre, mas não se abateu com o resfriado. O Davi também ficou um pouco prostado, mas passou bravamente pela prova. Já a mamãe caiu de cama por três dias. Tudo doia e como foi difícil passar por aqueles três dias. E não é que na semana passada o danadinho do vírus, provavelmente modificado pelas altas temperaturas (leia-se 10 graus positivos), atacou de novo. Numa semana cheia de compromissos, desmarcamos tudo por que o Miguel não se aguentava em pé. Era dia e noite com febre, muita tosse e um choro dengoso. O Miguel morre de nojo de catarro, então nem preciso descrever o caos, né?

Dessa vez o papai entrou na festa e adoeceu também. Tadinho, mesmo doente não deixou de trabalhar nem um dia sequer e eu não entendo como ele conseguiu se manter de pé com um resfriado desses. O Davi também não resistiu e está desde sábado febril e com muita tosse. Virou um coalinha e só quer colo, apesar que nem o colo deixa ele mais calmo.

Bom, pelo menos a mamãe, que adoeceu há quinze dias não ia adoecer de novo, né? Já viu raio cair duas vezes num mesmo lugar e em menos de duas semanas? Pois é, ele caiu bem em cima de mim. E eu estou aqui, lutando contra as dores, contra a febre e a tosse, numa segunda feira, com marido trabalhando, bebê doente e o outro filho cheio de energia e compromissos, pode? Poder não pode, mas já que não tem jeito, deixa eu arregaçar as mangas, enfiar a cara na vitamina C e combater esse resfriado, por que a semana apenas começou.

7 de março de 2012

Amor sem limites e a angústia da separacão

Depois de quase nove meses de espera, os dois primeiros dentes do Davi resolveram aparecer. Sem muito alarde, apenas um pouco de diarréia, o que no caso do Davi é algo bom, já que eu vivo lutando contra o intestino preso do garoto. Eu já estou sentindo os efeitos dos dentinhos na pele, mas mordida de amor não dói, não é?

Quem chegou pontualmente foi a angústia da separacão. Aquela dos oito meses, quando o bebê descobre que a mamãe é uma pessoa diferente dele e quando surge um medo danado dela sumir pra sempre. Tem gente que acha que essa crise é mito, mas quando a gente convive com um bebê, percebe que a fase é verdadeira e que exige paciência e amor, afinal segundo psicólogos, é uma das fases mais importantes para o desenvolvimento psíquico do bebê.

O Davi que adorava dormir com o papai, agora fica lutando contra o sono e procura pela mamãe o tempo todo. Basta colocar ele no meu colo, cantar um pouco e ele adormece. Suas atividades preferidas no momento são ficar no colo da mamãe, brincar com a mamãe, comer com a mamãe ou qualquer coisa que traga a mamãe pra mais perto dele.

E só tem um jeito de ter alguns momentos só para mim. Deixar o Davi brincando com o Miguel. Por que o Davi me adora, mas o Miguel? Ah, o Miguel tem um lugar especial demais no coracão dele. Ele vibra só de ouvir a voz do Miguel. Pula de alegria, solta gargalhadas, olha admirado. Um amor sem limites, uma conexão, uma cumplicidade. Mal sabem eles que esse amor se torna melhor e maior com o passar dos anos. Que eles estarão sempre juntos, numa relacão gostosa; que vão compartilhar segredos, encobrir as "artes" um do outro, sonhar juntos, conquistar o mundo de mãos dadas.

Mas, também já tem briga, ciúmes, implicância. O Miguel pede para brincar com o Davi, mas logo corre por que o Davi quer mordê-lo, sem saber que o que o Davi quer mesmo é dar carinho e que ele só sabe fazer isso com a boca. Tem os brinquedos do outro que são sempre melhores, mais interessantes. Ah, vai falar que um é o seu ursinho pra ver! O outro logo grita que quem é ursinho é ele. E a mamãe, se diverte! Por que tudo isso é sinal de amor. Amor sem limites, amor sem medida, amor de irmãos... E tem coisa no mundo melhor do que amar?

2 de março de 2012

Tempos melhores estão por vir

"Tempos melhores estão por vir,
obras maiores se farão neste lugar..."


É engraçado como tudo na nossa vida acontece na hora certa, nem um segundo antes, nem um segundo depois da hora exata que tem que ser. Em outubro de 2010 expirava o contrato de trabalho do Bebeto com a universidade. Ele tinha mandado inúmeros currículos e foi chamado para três entrevistas. Nós estávamos empolgados com as oportunidades que ele tinha. Cidades maiores, boas empresas e nas três cidades o que a gente mais desejava: uma igreja brasileira.

A gente orou, colocou nas mãos de Deus, que fechou as três portas e abriu outra. O contrato dele foi renovado e ele ficou no mesmo lugar. Para quem olha de fora, nesse período nós não demos passo nenhum, mas nesse tempo Deus nos ensinou que Ele supre todas as nossas necessidades em qualquer lugar, nos mostrou que a língua não era e nunca será um empecilho para adorá-lo, nos levando a uma igreja do jeitinho que a gente queria e nos deu infinitamente mais do que a gente tinha sonhado. E como o Bebeto cresceu como profissional; e como nós andamos e amadurecemos como pessoas, como família e como filhos de Deus nesse 1 ano e meio.

Agora o contrato vai expirar novamente e a gente desejava permanecer aqui, por isso o Bebeto nem mandou muitos currículos. Dois ou três, mesmo assim, sem grandes expectativas, por que a gente já sabia que tinha uma vaga perfeita pra ele na universidade. Ele foi chamado para uma entrevista em uma empresa, e dessa eu vou contar num post especial, numa das três cidades que a gente queria morar há 1 ano e meio atrás. E eis que Deus abriu essa porta e nos mostrou de uma forma que não dá para duvidar, que é Ele quem está nos levando e que Ele tem planos maiores, tempos melhores, obras ainda maiores para nós lá.

Então estamos nos mudando dentro de alguns meses para a região de Stuttgart. Uma cidadezinha gostosa, com uma porção de coisas boas. Estamos felizes, tranquilos, seguros de que essa mudança nos fará um bem enorme. Agora é hora de arregaçar as mangas, correr atrás do nosso cantinho, empacotar a tralheira, resolver mil coisas. Mudar é sempre bom, ? A gente aproveita e faz faxina na alma da gente, se enche de sonhos e novos planos, se renova. Preciso dizer que estou muito feliz? E ai, alguém que me visita por aqui mora nos arredores de Stuttgart?

Fonte da imagem: Wikipedia.org

1 de março de 2012

Sem medida


Eu estou querendo falar de uma visita que eu fiz quando eu estive no Brasil desde que cheguei. Mas, sabe como é, né? Chega, se refaz da viagem longa, se adapta ao frio e ao horário, desfaz as malas, limpa os quilos de poeira, lava trouxas de roupa, põe a vida em ordem, vai enrolando, enrolando, e o post vai ficando esquecido no meio de tantas outras coisas que você queria escrever e que por fim nem escreve por causa dos afazeres que se amontoam na correria do dia a dia.

A Lúcia, lá do Sem Medida, minha maezinha virtual, fez um post antes de mim. Vocês viram? E é justamente do nosso encontro que eu estava querendo contar. Do bem que me fez e que me faz, quando eu tenho a oportunidade de reforçar uma amizade tão linda, amizade que começou virtualmente aqui no blog. Já é o terceiro ano seguido que a gente se encontra. A gente descobriu uma afinidade enorme e eu acabei me apaixonando pela família toda, que de alguma forma, em algum momento que eu não sei explicar, acabou ganhando o lugar de minha família também.

Eu já desvirtualizei dez pessoas e me considero sortuda, pois não me decepcionei em nenhum dos casos. Claro que com alguns descobri mais afinidades e me tornei mais próxima, com alguns criei fortes laços, amizades verdadeiras que vão me acompanhar sempre. É o caso da Lúcia. Esse ano, mais do que em qualquer outro, nosso encontro foi especial. E eu trouxe, nas minhas melhores lembranças, momentos que a gente passou lá no cantinho dela, que eu não vou me esquecer nunca:

"O barulho da chuva caindo enquanto a gente batia um papo e comia uma coxinha deliciosa, a linda vista da janela do quarto, o abraço gostoso de despedida e a Lu me pedindo pra não ir embora, o carinho da Renata, os gritos da Lelê e do Miguel correndo pela casa e a Lelê dizendo que ia se casar com o Miguel. Ah, tem a maquiagem, a fantasia de bruxa e de princesa que nao dá pra esquecer; encomendas da Lelê para o ano que vem."

Sim, "a medida de amar é amar sem medida"! Obrigada, Lu, por ser essa pessoa tão especial, que transborda amor e por ter me dado um lugar tão especial na sua vida. AMA!

P.S. Amigas desvirtualizadas, que saudade que me deu de voces agora!!! Vontade correr para Viena, Homburg, Bodensee, Trier, Berlim, Munique, BH...