21 de setembro de 2012

Carta de uma mãe com câncer

"Esta é uma carta escrita por Laura Gaultney Black para seus 3 filhos de 4, 7 e 9 anos. Aos 32 anos de idade, Laura descobriu que tinha câncer de mama quando estava grávida de sua terceira filha. Ainda grávida, ela sofreu uma mastectomia e teve sua filha via cesariana ainda com 33 semanas de gravidez, a fim de começar imediatamente a quimioterapia. O câncer de Laura foi curado. 

Porém, 8 meses mais tarde, ele retornou e se espalhou para outros órgãos, como o pulmão. Durante 5 anos, Laura lutou contra esse inimigo silencioso que aos poucos a matava. Durante esses 5 anos, Laura esperou por um milagre de Deus, sabendo que não existia nada na medicina que pudesse curá-la. Diariamente, ela orava e pedia que Jesus a concedesse o privilégio de criar seus 3 filhos, mas que a vontade dEle fosse feita, e não a dela. Como uma serva boa e fiel, Laura combateu o bom combate. Com dignidade, ela completou a carreira e guardou a fé. 

Deus não concedeu o milagre que ela tanto pediu, mas como uma filha obediente ela foi fiel até a morte. Dois dias antes de morrer, Laura escreveu em seu blog, “chegou a hora de terminar essa corrida do câncer”, e morreu dizendo “eu terminei, mas eu não desisti”.

Num mundo em que o Evangelho tem sido usado como produto de barganha para ganho e benefício próprio, o testemunho dessa irmã de fé é um encorajamento, como também um tapa na cara de todos nos cristãos que vivem esperando de Deus uma vida confortável, cheia de saúde, riqueza e felicidade. Como Laura disse nessa carta, viveremos estas coisas plenamente quando estivermos na presença de Deus. Hoje, Laura entende completamente o que agora só entendemos em parte."

Marcela Soares Arledge

Queridos Will, Gracy e Caroline,

isso é o que eu quero que vocês saibam a respeito de sofrer pelo Evangelho.

Ninguém te avisa que talvez a parte mais difícil de viver seja morrer. Desde o dia 23 de abril de 2012, meu corpo tem continuamente falhado. Eu já não posso mais respirar sozinha sem a assistência de máscaras de oxigênio. Posso andar apenas curtas distâncias. Minhas costas muitas vezes travam. Estou cansada. Coisas que costumavam ser tão simples agora parecem muito difíceis. Parte meu coração não poder cuidar mais de minha família e até de mim mesma. Ah! Como eu adoraria ir pegá-los na escola mais uma vez. Como desejo poder sentar com todos vocês em uma mesa de restaurante e comermos uma refeição sem minhas crises de tosse ou sem estar conectada a um tanque de oxigênio. Só poder levá-los à piscina por uma tarde e assisti-los nadar seria delicioso. Este é certamente o momento mais difícil que já encarei.

Will, esta manhã acordei ao som do seu choro, deitado ao meu lado na cama. Quando lhe perguntei o que havia de errado, numa tentativa de me proteger, como você sempre faz, você simplesmente disse “Eu tive um pesadelo”. Mas eu te conheço, e eu sabia o que você estava pensando. Apesar de não termos conversado sobre isso, você consegue ver. Você e Gracy conseguem ver o que está acontecendo diante de seus próprios olhos. Mas pela graça de Deus, acho que Caroline ainda é muito novinha para entender. Ver-me assim parte seu coraçãozinho, e vê-lo assim parte o meu em mil pedaços. Eu simplesmente lhe segurei e disse “Não tem problema chorar. Eu já chorei. Papai já chorou. Isso tudo é muito triste. Mas não vamos desistir de ter esperança. Vamos continuar pedindo por um milagre”. Então nós dois oramos juntos. E aí, você dormiu.

Sim, meu corpo está morrendo. Não há qualquer esperança na medicina. Não há esperança em nada, apenas em um milagre. Mas isso já é suficiente. Deus é suficiente. Vou esperar nEle. Minha oração é exatamente a mesma de Cristo antes de encarar a cruz. “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice; no entanto não seja feita a minha vontade, mas a Sua”. Apesar de ser muito difícil pra eu orar pedindo para que a vontade de Deus seja feita, porque quero muito viver, não ouso terminar essa oração de outro modo porque creio que pedir por qualquer coisa que não seja a perfeita vontade de Deus seria pedir por algo imperfeito para todos nós. Amo tanto vocês que não posso pedir nada que não seja a vontade perfeita do Pai. Não posso compreender como eu morrendo seria o melhor para todos nós, mas confio que se é isso o que Deus decidir, então é o melhor. Isso é apenas um pouquinho do que andar pela fé e não por aparências significa. Qualquer que seja o resultado, iremos louvar a Deus sabendo que é a sua vontade boa e perfeita.

Antes de ficar muito doente, fui convidada para dar um testemunho em um estudo bíblico de mulheres na igreja de Briarwood a respeito de sofrer pelo Evangelho. Depois que fiquei muito doente, percebi que provavelmente eu não poderia estar presente para dar esse testemunho. Por isso, decidi escrever o testemunho, para que outra pessoa lesse para o grupo de mulheres. Decidi que esse conceito é tão importante que seria bom o incluir em umas das cartas que estou escrevendo para vocês.

Paulo diz a Timóteo: “participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre e, por isso, estou sofrendo estas coisas;” (2 Timóteo 1:8-12). Então, no capitulo 2:3, Paulo diz: “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus.”.

A primeira pergunta que você deve se fazer é: “Por quê?”. Por que um Deus amoroso permitiria que Seus preciosos filhos sofressem ou até mesmo os chamaria a sofrer? Quero dizer, Deus pode fazer qualquer coisa. Por que o Evangelho não pode ser: “Venha a mim e te darei saúde, riquezas e felicidade”? O Evangelho não podia ser assim? Alguns falsos pregadores da Palavra dizem ser esse o Evangelho. Nada poderia ser mais distante da verdade! Existem elementos de saúde, riquezas e felicidade na caminhada cristã, mas não acontece do lado de cá.

O problema é que somos criados com mentes finitas. Somos limitados em nossos pensamentos porque foi assim que Deus nos criou – limitados. Nenhum de nós pode entender plenamente a eternidade. Podemos tentar. Podemos chegar perto, mas não podemos realmente entender. Então, aqui estamos nessa terra, com nossas mentes finitas, tentando entender um conceito que realmente não podemos compreender – então falhamos. E, quando falhamos, começamos a focalizar e nos concentrar naquilo que compreendemos, no que sabemos: essa vida. E quando focalizamos nessa vida, tudo parece tão sofrido, toda nossa dor, todos nossos problemas parecem tão dolorosos, tão equivocados, tão abandonados por Deus. Quando, na verdade, sofrimento não deveria ser uma surpresa para nós. Deus não apenas nos diz para esperamos por sofrimento, Ele quer que vejamos o sofrer por Ele como um privilégio. Por quê?

Sofrimento acrescenta ao Reino. Nada atrai mais a atenção das pessoas do que ver alguém sofrendo e dando um testemunho cristão ao mesmo tempo. Vamos ser honestos, você pode cantar Aleluias quando você ganha na loteria, quando seu primeiro netinho nasce no dia do seu aniversário ou quando você foi promovido, mas quem se importa? Não estou dizendo que não é bom louvar a Deus por essas coisas. Claro que você deve louvá-Lo por essas coisas e se alegrar nelas, mas isso não leva as pessoas em direção à cruz. Quando você se alegra e O louva nos momentos bons, isso é esperado. Entretanto, quando você se alegra e louva a Deus em meio ao sofrimento, isso direciona as pessoas à cruz de Cristo. Não há nada em nós que escolheria fazer isso, então quando outros nos veem tomando uma atitude como esta, eles percebem que é somente pelo sangue de Jesus. Apenas o amor de Jesus, somente a fidelidade do Pai, poderiam atrair nossos corações para tão perto dEle durante essas situações.

É por isso que sofrer pelo Evangelho é um privilégio tão grande – esse sofrimento nos dá a chance de levarmos outras pessoas até Jesus. E não é para isso que existimos? Temos toda a eternidade para viver com Jesus em saúde, riquezas e felicidade. Mas temos apenas esse breve sopro de vida na linha do tempo da eternidade para levarmos pessoas até Cristo. E essa é a única chance que temos de criar qualquer tipo de impacto verdadeiro durante nossas vidas – levar pessoas a Jesus.

Se Deus tivesse me perguntado: “Ei Laura, você quer ter câncer por 5 anos e deixar seus preciosos filhos assistirem seu corpo adoecer e minguar enquanto se preocupam se vão ou não perder sua mãe, não tendo nada que você possa dizer ou fazer para confortá-los, por que você mesma não saberá se irei curá-la ou levá-la? Isso irá trazer pessoas até Mim, o que você acha?”. Não sei o que eu teria dito. Gosto de pensar que eu confiaria em Deus o bastante e teria fé o suficiente para dizer: “Qualquer coisa por Ti, Senhor”, mas não sei. Mas Deus não me deu uma escolha. Da mesma forma, na vida, vocês não terão uma escolha de sofrer ou não. Vocês, meus queridos filhos, já foram expostos ao sofrimento através dessa minha jornada. Vivemos num mundo falho e caído, e vocês irão sofrer. A pergunta é: vocês irão sofrer em vão ou irão sofrer pelo Evangelho? Escolham sofrer pelo Evangelho. O que isso significa é que quaisquer que sejam as circunstâncias que se apresentarem em suas vidas, vocês irão escolher lembrar que Deus sempre os ama e que Deus é sempre bom. Se vocês realmente acreditarem nessas verdades, então terão a fé necessária para andarem com segurança no meio da escuridão. Se tiverem a fé para continuarem andando, vocês O verão ao longo da jornada e acharão lugares dignos de louvor e ações de graças. Quando vocês acharem lugares ao longo da jornada dignos de louvor e ações de graças, então vão e compartilhem isso com outras pessoas, e isso as levará até Jesus. Se vocês direcionarem pessoas para Cristo, então vocês terão sofrido pelo Evangelho.

Deus não me deu a opção de andar ou não por esse caminho, mas Ele tem me dado a misericórdia, a compaixão e a graça para andar por esse caminho. Descobri ser realmente verdade que as Suas misericórdias se renovam a cada manhã. Sua compaixão nunca falha. Sua graça é realmente suficiente. Até mesmo esse caminho duro e longo que tenho seguido tem sido repleto de bênçãos sem medida. Houve muitas, muitas pessoas que sofreram pelo Evangelho e nunca viram a recompensa por seus sofrimentos até que chegaram ao céu. Deus tem sido gracioso ao me permitir ver alguns dos benefícios gerados através desse sofrimento. Pessoas já me disseram que vieram a conhecer a Cristo por causa do meu sofrimento, outras aprofundaram na fé por causa do meu sofrimento, que a fé delas é maior por causa do meu sofrimento. Isso é suficiente. Espero que seja suficiente para vocês também. Se Deus escolher me levar de volta ao lar, por favor, saibam que tudo isso não foi em vão. Por favor, saibam que Deus permitiu que o sofrimento de nossa família levasse pessoas até Ele. Espero que vocês se alegrem nisso. Eu sinto muito, muito mesmo pelo sofrimento de vocês. Nem tenho palavras que possam adequadamente expressar o quanto sinto por vocês. Mas minha oração é que a glória de Deus seja maior que a dor que vocês estão sentindo. Amo tanto vocês três. Obrigada por andar por esse caminho comigo. Obrigada por me amar, apoiar, orar comigo e por mim, e por estarem ao meu lado todos os dias. Vocês não fazem ideia do quanto isso me ajudou. Sou para sempre grata.

Amo vocês,
Mamãe. 

Por Laura Gaultney Black Copyright © 1997-2012 CaringBridge®, a nonprofit organization. 
Tradução: cedida gentilmente ao voltemosaoevangelho.com por Marcela Soares Arledge.

10 de setembro de 2012

Desfralde tardio (e ainda assim no tempo certo)

Eu pesquiso muito sobre maternidade na internet. Mas, quando fui pesquisar sobre o desfralde tardio, observei que quase não existem textos que tratam desse assunto. Eu não acredito que algumas mães não tenham tido dificuldade em desfraldar os seus filhos, e que só tenham conseguido quando eles estavam mais velhos do que a idade "normal" que dizem por ai. Acho que a questão é a vergonha mesmo, afinal espalhar aos quatro ventos que você "falhou" desfraldando o seu filho aos 4 anos não parece ser um troféu que alguém queira levantar, ou melhor, quase ninguém, por que eu quero. 

Eu tentei desfraldar o Miguel três vezes. Desisti nas duas primeiras, quando percebi que ele ainda não tinha maturidade suficiente para isso. Na primeira vez, ainda havia o empecilho da língua. Ele demorou demais para falar e não pedia para ir ao banheiro. Ah, quantas vezes as pessoas me olharam com olhar de desaprovação por ele com três anos ainda usar fraldas. A minha consciência mesmo, lançou sobre mim inúmeras dúvidas que me fizeram questionar a minha capacidade como mãe. Por vezes achei que o dia do desfralde jamais chegaria. Enfim chegou e eu aprendi muito nesse tempo e nessas três tentativas, e quero compartilhar um pouco com vocês.

A primeira coisa: não existe idade certa para desfraldar uma criança. Ela pode estar pronta antes dos dois anos e pode só estar pronta aos quatro anos e meio, como foi no meu caso. Imagino que exista crianças que precisem de mais tempo que isso. O segredo é observar a criança, conhecê-la e não submetê-la à algo para qual ela não está preparada. E não pense que o tempo certo não vai chegar ou que você não saberá reconhecer os sinais. Chegará e você também estará preparada, por que nós também precisamos de preparação já que somos essenciais para tornar esse processo mais fácil para os nossos filhos.

Eu sempre soube que seria um tempo difícil, que eu teria que limpar xixi no chão, no sofá e em lugares inimagináveis. Confesso que algumas vezes joguei cuecas no lixo, por achar impossível limpá-las. As mamães do tempo da fralda de pano eram mesmo heroínas, não eram? Em alguns dias, ou melhor em muitos, eu quis voltar atrás, desistir e continuar com a fralda. Inclusive desisti nas primeiras duas vezes, né? Mas, se você sente que a criança está pronta, vença as dificuldades junto com ela e saiba que essa fase passa muito rápido. Não volte atrás, siga em frente, afinal é um processo pelo qual a gente terá que passar,.

O tempo do desfralde é algo bem pessoal. Com o Miguel durou menos de duas semanas, mas algumas amigas levaram meses até conseguir. Não fique comparando o seu filho com outras crianças. Ele é único e especial. Para algumas coisas ele terá facilidade, para outras não. Lembre-se cada um tem um dom, cada um tem uma função, assim como cada órgão do nosso corpo que tem uma função e que só juntamente com todos os outros órgãos podem fazer com que o corpo funcione perfeitamente. E não dê ouvidos à opiniões que te fazem mal, não dê ouvidos ao que te faz sofrer, ao contrário do que dizem ai, a voz do povo não é a voz de Deus e Ele não julga, não faz diferença entre as pessoas, ao contrário, ama você, o seu filho e no tempo certo é quem capacita vocês para todas as coisas.

Dizem que o desfralde noturno leva mais tempo. O Miguel já não fazia xixi a noite meses antes do desfralde diurno. Como eu disse, cada criança é uma criança. Sabe como eu fiz para saber se podia mesmo tirar a fralda da noite? Comecei a olhar a fralda dele bem cedinho, assim que ele acordava. Só não deixava passar muito tempo, por que normalmente as crianças fazem xixi assim que acordam, o que poderia me confundir. Dizem que se em três de cinco dias a criança acorda seca, ela está pronta.

E por fim, comemore a vitória de vocês! Deixe a criança saber o quanto você tem orgulho das conquistas dela. Engraçado que até hoje o Miguel sai do banheiro me gritando para contar que fez "caca" e pede para deixar para o pai ver quando chegar. E a gente ainda comemora e vibra juntos! Claro que as vezes escapa um pouquinho de xixi, quando a brincadeira está divertida demais e ele se esquece de todo o resto. Nessas horas não cobre, não brigue, não se estresse. Diga a ele com todo o amor do mundo o quanto isso é normal, afinal me fala se você depois de desfraldado nunca fez xixi na cama? Eu fiz e como fiz!

4 de setembro de 2012

Farofa

Diálogo 1:
Mamãe: O que você quer de café da manha?
Miguel: Farofa.

Diálogo 2:
Mamãe: Qual a sua comida preferida?
Miguel: Farofa SEM feijão.

Diálogo 3
Miguel: Oba, tem farofa! Tem feijão?
Mamãe: Não.
Miguel: Uhuuuuuu!!! (comemorando muito)

Quem adivinhar o que tem no cardápio aqui de casa dia sim e no outro dia também ganha um beijo! :)