22 de julho de 2009

Convivendo com as diferencas


Essa semana estava comendo uma fatia de torta floresta negra e comecei a me lembrar que quando eu e minha mãe tinhamos uma lojinha de congelados, essa torta era minha especialidade Eu vendia pelo menos 2 por semana e naquela época nem passava pela minha cabeça vir morar na Schwarzwald (Floresta Negra). É engrancado como a vida da gente dá voltas e nos leva para lugares que jamais imaginamos. Também não imaginava que conviveria com tantas culturas e que aprenderia tanto sobre outros povos quanto tenho aprendido, e posso dizer que isso reforça o que já pensava sobre a importância de uma pessoa viajar e conhecer "outros mundos".

Amanha eu e algumas colegas do curso vamos almoçar juntas. Uma francesa, uma tunisiana, uma peruana, uma sérvia, uma paquistanesa e uma brasileira. Além de nós teremos também 5 crianças com mais ou menos a mesma idade. Cada uma vai levar um prato do seu país e vamos passar a tarde juntas conversando e nos conhecendo melhor. To adorando a ideia, tirando a parte que sou super enjoada em provar comida de outros lugares. Não que eu seja preconceituosa, mas sempre tive estômago muito fraco e muitas vezes fico enjoada só de sentir o cheiro forte de algumas comidas. Ah, por falar em comida, a tunisiana disse que só come o prato que vou levar se eu comprar o frango na loja turca. Mais uma diferenca que pode parecer boba, mas que nao custa respeitar.

Hoje eu e uma amiga da Sérvia passamos parte da manha conversando e isso me fez refletir como somos tão diferentes, apesar de termos algumas afinidades. Ela estava muito triste por que está com problemas com o marido. Ele sai todos os fins de semana, sozinho é claro, e não quer nem deixa-la almoçar conosco amanha. Além disso é costume no país deles morar com toda a família do marido, e cabe a nora fazer todo o serviço da casa. Caso ela queira se separar não tem direito de levar o filho, pois ele pertence a família do marido. Como assim??? Achei tudo um absurdo e no lugar dela não ia querer uma vida dessas. Não tenho nada contra minha sogra, ao contrário ela sempre me tratou com muito carinho, respeito e me recebeu sempre muito bem na casa dela. Mas, não acho que um casal deva morar na mesma casa que os pais nem do marido, nem da esposa. Também não acho que outra pessoa que não seja a mãe deva ficar com a criança caso haja separação. Muito menos acho que um homem tenha direito de sair para festas ou boates no sábado a noite enquanto a mulher fica em casa sozinha. Mas, tudo isso faz parte da cultura dela. Uma cultura muito diferente da minha. Costumes diferentes que precisam ser respeitados acima de tudo. Não pude dizer muita coisa, além de oferecer meu carinho e dizer que todos temos problemas e que agir no momento de tristeza ou raiva não é a melhor opção.

Morar aqui na Alemanha tem me feito enxergar a vida de uma maneira diferente. Tenho aprendido a conviver com as diferenças, ou pelo menos tenho tentado aceitar cada pessoa da maneira que ela é, sem cobranças, sem pré-conceitos, sem comparacoes. Cada povo, cada pessoa carrega dentro de si caracteristicas, crenças, opiniões que fazem dela o que ela é. Amar é aprender a viver com essas diferenças com respeito, sem tentar mudar o outro e sem usar mascaras para parecer o outro e ser aceito por ele. Não posso dizer que seja fácil aprender a lidar com as diferenças e muitas coisas continuo não entendendo, mas respeito sempre. Hoje mesmo minha professora me disse que outros povos falam muito emocionalmente e que os alemães são mais práticos, racionais. Vou continuar falando emocionalmente, afinal sou brasileira, mas de forma alguma vou achar que os alemães são frios por serem diferentes de mim. E viva as diferenças, afinal não posso me imaginar vivendo num mundo de pessoas iguais. Isso seria muito langweilig (chato)!

Ah, fui contar essa história para o Bebeto e ele me fez a proposta da gente mudar para a Sérvia e caso eu aceite ele vai convidar a família dele. Engracadinho, né?

5 comentários:

Ciça Donner disse...

Mana nao sabia que na Servia também era assim. É uma coisa meio escabrosa pra gente, mas pra eles... bom, como vc disse: respeitar as diferencas! Esse é o pulo do gato para toda vida!

No mue curso de alemao tb fizemos esse almoco multi cultural... mana, cai matando na galinha do africano e no macarrao do tailandes... fiz vergonha mesmo!

Anônimo disse...

Ei querida,
Como vai o maridox e o Miguelzinho?
Adorei seu "pensar alto", se quiser podemos preparar uma entrevista, pois acabo de inaugurar uma série de entrevistas com leitores do Mineirinha. Seria um prazer.
Um beijo e um queijo,
Sandra

Lucia Silva disse...

Ei Bete, eu lembro da lojinha.Eu e as meninas estivemos la vc lembra?
Melhor que conviver com as diferenças é fazer o que vc fez: oferecer seu ombro, seu carinho e principalmente o ouvido pois nessas horas (de problemas como o da sua amiga servia)precisamos muito falar e as vezes não temos ninguém para nos ouvir. Faça isso sempre.Beijos,Lucia.

BLOG DA GRÁVIDA disse...

Adorei o post. Agora vou desligar aqui e agradecer aos Céus por não ter nascido na Sérvia. Aqui se o marido sai sozinho e volta tarde tem duas possibilidades:
- ou leva uma cacetada com rolo de abrir massa
- ou ao chegar dá de cara com um bilhete:"fui pra balada, não me espere acordado"
kkkkk

Laura disse...

Apesar de cultura ser cultura e que devemos respeitar, tambem acho que a vida por uns lugares ai mundo afora é bem complicada.

Aqui so reunindo os amigos do marido tenho que fazer uma variedade incrivel de pratos, e a carne tem que ser halal.

Beijoss