23 de novembro de 2010

Chateada

Um dos motivos que mais me deixou feliz quando nos mudamos para essa nova cidade, foi ser vizinha de uma das minhas melhores amigas do curso de alemão. Ela me visitava sempre em Furtwangen e sempre tivemos muita afinidade. Morando a apenas um quarteirão, pensei que teria alguém por perto para conversar, desabafar, relaxar, rir. Me enganei! Há duas semanas ela veio fazer uma visita e se mostrou muito distante, áspera, amarga e, para a minha surpresa, chateada comigo e com todas as outras grávidas do mundo.

Ela teve um aborto espontâneo há 6 meses e eu entendo que seja difícil lidar com isso. Também entendo que seja difícil ver todas as amigas mais próximas grávidas do segundo filho. Mas, me diz: eu tenho culpa? Ela me disse que não aguenta mais atender o telefone e ouvir alguém dizer que está grávida. Também me disse que eu não deveria me preocupar com o pré-natal já que posso perder o bebê em qualquer tempo dos 3 primeiros meses. Comentários duros e amargos que eu tentei contornar, levando o assunto para outro lado, tentando fazer ela enxergar que está tendo uma super chance dando aula na universidade aqui perto e que tudo acontece no momento certo e no tempo de Deus.

Ela não me procurou mais, eu também não a procurei e nem estou com vontade. O Bebeto acha que devia ligar, mas estou numa fase que não quero estar cercada de pessoas negativas. Sempre respeito as pessoas que estão ao meu redor e quero ser respeitada também. Sabe, as pessoas tem mania de culpar o mundo por tudo de ruim que acontece e não conseguem enxergar nada de bom. Tem mania de achar que tudo é cor de rosa para o outro e fazem questão de esquecer que todo mundo tem problema.

Eu poderia estar amarga por não poder trabalhar, por ter que me dedicar ainda um tempo aos meus filhos antes de dar continuidade aos meus planos profissionais. Poderia estar amarga por viver longe da minha família, por não ter um carro do ano, por não passar os fins de semana em Paris como ela faz, mas estou feliz pois sei que a vida é feita de momentos e que essa é a hora certa para me dedicar a chegada do meu filho e me dedicar ao Miguelzinho ajudando ele a se desenvolver e a vencer suas dificuldades. Nem por isso me entristeço pelas conquistas de ninguém. Fico feliz quando vejo que cada um caminha na estrada que escolhe e que com muita dedicação e esforço, cada um recebe a recompensa pelos seus sacrificios.

Acho que estou magoada, decepcionada, chateada. Acho que queria que o mundo tivesse mais pessoas como eu. Não que eu seja melhor, pois reconheço que sou um pequeno grão de areia e tudo o que sou e que tenho é dom gratuito de Deus. Bom, vamos ver se ela melhora no decorrer dos dias, e vamos ver se mudo de ideia e tento me aproximar mais uma vez.

13 comentários:

Dona Flor disse...

Ser mãe é um presente! E ser uma mãe presente é algo que os filhos jamais esquecem!
Que pena que ela está amarga, mas é um momento complicado pra ela, acredito que ela precise de mais tempo. E você está certíssima: gente negativa tem mais é que ser riscada na nossa presença!
Beijos e boa semana.

Lu Iank disse...

Oi Liza
releve o comentários dela. Às vezes as pessoas não reagem bem a felicidade alheia, principalmente quando existe uma coisa que para ela que não deu certo, como foi a gravidez. Torça para que ela engravide logo e que vcs ainda tenham muita história para rir juntas e problemas para dividir.
Bjs
Lu

Eve disse...

QUe coisa chata! Que culpa vc tem?
Mas, nesse momento, é bom ficar longe de gente negativa. Depois, com o tempo a decepção passa e talvez tb ela perceba que as coisas nao deveriam ser assim.
Bjs!

Lúcia Soares disse...

Liza, por enquanto, fique mesmo na sua. Se ela não a procurar, nem por um telefonema, liga pra ela.
Isso se realmente você quiser, não se "obrigue".
Ela está errada, mas tem lá seus motivos e não está sabendo lidar com eles. Num primeiro momento, a gente pensa que o melhor é deixar pra lá, ela que se dane! Mas não é assim, talvez ela precise, justamente, abrir sua mente e aceitar melhor o que lhe vem. Fica em paz com sua consciência, aberta a acolhê-la, se ela pedir, mas não se sinta nem triste nem culpada de nada.
Beijos!

Lucia disse...

Voce esta certissima! Entendo a dor que ela esteja sentindo, ainda mais querendo um filho, mas ela nao deve desrespeitar ou colocar pra baixo uma amiga.

Sei que ela nao tem culpa de ter perdido o nenem, mas tb acho que deve tentar enxergar as coisas de uma outra maneira e se o fizer desse jeito, vai ajudar a mudar essa amargura e atitude todas. Infelizmente aconteceu dela abortar, nao ha nada que ela possa fazer a respeito agora, mas manter essa atitude nao ajuda. Faz mal a ela mesma.

Eh dificil. Se fosse uma boa amiga minha, eu nao teria problema nenhum em ter uma conversa longa e dura com ela, ao mesmo tempo sendo sensivel ao que esta passando. Mas ela tb saberia que sua atitude esta me magoando e tentaria faze-la enxergar isso.

Agora se nao for uma amiga chegada e voce ainda quiser ter um relacionamento com ela, tenta se aproximar e falar o que esta sentindo. Eu seria bem sincera.

Se depois disso, ela continuasse dessa maneira, eu daria um basta (como ja dei em varias pessoas), pois negatividade na minha vida tb eh algo que nao quero nem preciso! E estou mt bem sem isso ao redor!

bjos

Flavia disse...

Ai, gata!

Te entendo... passei por uma história parecida quando estava gravida do João, uma amiga que eu pensava que daria pulos de alegria comigo, ficou totalmente indiferente e distante, durante um periodo da gravidez.
Como é uma pessoa que realmente me importa, e sabia que ela queria muito engravidar, eu relevei, e insisti.

Valeu a pena!

mas cada caso é um caso, tenho certeza que você vai saber a melhor maneira de lidar com essa situação.


Beijos

S. W disse...

Oie Liza,

Ela deve estar passando por um momento muito dificil. Algumas pessoas reagem super mal a esse tipo de situação, então o melhor a fazer é dar tempo ao tempo, quem sabe ela vai "desamargurando" e volta a ser aquela sua amigona. Senão, nada pode ser feito, é se afastar mesmo.

Beijao

Lucia Silva disse...

Bete, ótima oportunidade para fazer novas amizades. Não precisa deixa-la de lado mas conheça gente nova de bom astral. É como dizem aqui: a fila anda...
Bjs.

Bia disse...

Oi Liza, dê tempo ao tempo, pq mesmo que não seja sua culpa, ela está passando por um momento de dor. Deixa ela sair desse periodo de luto e se puder/quiser volta a se relacionar com ela.

bjos

Paula disse...

Oi
releve oque ela disse, apesar de ter perdido o seu bebe "já a 6 meses" nunca sabemos o quanto isso a abalou e o simples fatpo de ver um carrinho de bebe pode deixá-la a beira de um colapso nervoso.
Conheco bem a situacao quando se luta e desja muito certa coisa que para outros parece cair do céu e em alguns casos é ate menosprezado. Ninguém sabe o quanto ela desejou e lutou para engravidar ou oque a perda desse bebe significou pra ela, mesmo ela indo a Paris passar um final de semana e vc nao.
Duvido que seja uma pessoa negativa eu diria que ela se encontra em uma fase de luto de trauma e uma ajuda professional poderia ajudar muito.

Eu daria um tempo e a procuraria mais tarde

Nilce disse...

Liza
Pessoas assim devem estar sempre em nossas orações para que sejam felizes e não se sintam inferiores à outras.
Ela está muito infeliz porque acha que a única felicidade que existe é ser mãe. Deus pode e vai tocar o coração dela.
Não fique nervosa não, porque isso não faz bem para você, muito menos ao bebê.
Fica em paz querida.

Bjs no coração!

Nilce

Gisley Scott disse...

Oie Liz,

essa semana tb passei por patadas de uma conhecida do curso de inglês.Ela não tem família, nem amigos por aqui.Veio com visto de turista e está morando com o noivo.A família dele mora em outro estado e eles não são muito chegados.

Eu só desejei o melhor pra ela e sempre tive a intenção de ajudar, já que sabia muito bem como era se sentir sozinha morando fora do seu país, mas pq desmarquei com ela 2 dias antes do Ação de Graças, ela ficou uma fera.

Espero que fique tudo resolvido,mas pra mim ela fez um alarme sem tamanho por algo pequeno.

Desejo à vc os melhores amigos do mundo,muito mais agora que outro bebê está à caminho.A última coisa que precisas é alguém com inveja do que tens.

Grande abraço!

arlete soffiatti disse...

Eu sei bem o que voce está passando. Ainda mais eu que consegui engravidar pela segunda vez aos 42 anos sem ajuda de metodos artificiais. Parece que para algumas pessoas que tentam e não conseguem, eu roubei o que seria delas e te tratam com indiferença ou desprezo por isso. Tem algumas pessoas que olham para a minha barriga e simplesmente fingem que não a estão vendo, mas sei que depois vão especular com amigas em comum como eu estou. Eu estava procurando alguem para ficar com a minha filha para o meu marido ficar comigo durante o parto. Tenho uma conhecida brasileira que mora do outro lado da rua, que é casada mas não tem filhos e já joguei verde pra colher maduro e nada. Ela desapareceu e não se oferece pra me ajudar de jeito nenhum, até mesmo quando eu pedi diretamente ela se esquivou. Quem sabe ela não tem problemas em ver outras mulheres gravidas? O certo é que o problema é dela e ela tem que aprender a lidar com isso, não eu. Minha prioridade agora é outra.