9 de outubro de 2012

Um mês depois

Hoje o Miguel completou um mês na escolinha nova e esse aniversário me trouxe à memória todos os sentimentos que eu carregava antes dele começar. Eu escolhi a escola que me disseram ser a melhor da região, pedi a Deus que nos desse uma casa perto dela e que nos desse uma vaga para o Miguel, se essa fosse a Sua vontade. E aconteceu tudo da maneira como eu havia pedido à Ele. Eu estava excitada, feliz e segura que ele teria uma nova chance. Uma chance bem diferente das chances que ele tinha recebido até então. 

Acho que já contei aqui no blog, o quanto foi difícil para nós na escolinha anterior. Por causa do atraso de fala do Miguelzinho, a dificuldade de se comunicar e por não ser entendido por nenhuma outra criança ou adulto, ele criou um método de se defender e de expressar o que queria e era muito agressivo com as outras crianças. Ele foi chamado de "criança problemática" e mesmo depois, quando já podia conversar, quando já não mordia mais, ninguém fazia a menor questão de entendê-lo. As portas estavam sempre fechadas para tudo o que a gente pedia. O direito dele era de estar na escola três horas por dia, metade do que as outras crianças ficavam e para todo o resto a resposta era um duro não. Foi um tempo difícil, de muita dor e de muitas provacoes. E então um tempo novo chegou para nós!

A escola nova só oferecia vagas para crianças que ficassem acima de 8 horas por dia. Isso pra mim foi um choque. Ok, eu sabia que ele precisava de contato com a língua alemã e com outras crianças, mas nunca tinha passado sequer pela minha cabeça, que meu filho iria comer fora de casa e ficar tanto tempo longe de mim. Outro choque, foi que nos primeiros três dias eu precisaria estar com ele o tempo todo na escolinha, facilitando a adaptacao dele. Seria bom se eu tivesse alguém que cuidasse do Davi, mas eu não tinha e tive que levar o pequeno junto, e não foi nada fácil controlar um bebê no meio de tantas crianças.

Naqueles dias, percebi o quanto o Miguel era importante e bem vindo lá. Hoje sou agradecida por aqueles longos três dias. Eu nunca escondi o histórico de agressividade dele, nunca escondi o problema de fala e ninguém nunca olhou o meu filho diferente de qualquer outra criança de lá. O Miguel se adaptou à tudo, inclusive à comida. Nunca foi agressivo, consegue se comunicar e tem amigos. Ele adora ir para a escolinha, se sente bem e feliz lá. Tem dias que me pede para buscá-lo mais tarde, por que quer ficar mais tempo. 

No primeiro dia eu senti uma confusão de emocoes. Uma parte de mim estava feliz, outra tao amedrontada... Eu sabia que seria um novo desafio e carregava tantas experiências anteriores ruins, que por mais que acreditasse que seria diferente, em alguns momentos eu imaginava que passaria por todos os problemas e preconceitos novamente. 

Hoje, um mês depois, o meu coracão se enche de gratidão! Todas as experiências difíceis, serviram de degraus para o que estamos vivenciando hoje. Foi um  tempo difícil, mas necessário para o crescimento de cada um de nós na nossa família. A dor é ruim no momento que vivemos, a provacão parece sempre um obstáculo grande demais.  Mas, ao sair do deserto, quando olhamos para trás, vemos tudo o que vamos vencendo ao longo da nossa caminhada. Percebemos que as aflicoes nos aproximam mais de Deus, e que elas são pequenas demais perto do que Ele já levou por nós. E  nesse momento a gente se enche de forca, fé e gratidão. 

Nada é para sempre, nenhum problema, nenhuma luta. Tudo passa tao rápido, que quando nos damos conta, o hoje já se fez amanha. E assim vamos caminhando, certo de que novas aflicoes surgirão no caminho. A gente não está livre delas num mundo tao contubardo quanto o nosso, mas tenho certeza que a vitória estará sempre lá para àqueles que tiverem fé.

5 comentários:

Beth/Lilás disse...

Liza, a vida é assim mesmo. Quando estamos nesta fase em que construir uma família é tudo tão difícil e ao mesmo tempo prazeroso, temos de verdade muito trabalho, mas o que Deus faz correto é que temos a juventude conosco e aguentamos muita coisa, portanto esta é mesmo a melhor fase na vida de todos nós.
Linda família a sua.
beijos cariocas



Anônimo disse...

Oi, Liza!
Vc tem toda razao. Nos teremos aflicoes, isto eh certo, mas temos que ter bom animo, porque somos filhos Daquele que tudo venceu e que pode, no Seu tempo, nos dar a vitoria!
Miguelzinho, vc eh demais! Um menino muito inteligente e de uma ternura impar... e isso nenhuma escola pode ensinar, nem nenhum mercado vende! Eh presente do Papai Celestial!
Bjs
PAtricia

Anônimo disse...

Boa noite Liza,

Nada mesmo como um dia após o outro...

Tmb passei por momentos igualmente difíceis com o meu filhote, Benjamin (2 anos). Ele e simpático, herdou do nosso Brasil, mas a carinha ta mais para Alemaozinho, pois se parece mais com o meu marido...E de nos 2, herdou o Português e Alemão. Sobre os 2 idiomas, ele possui mais compreensão auditiva, que na fala, por enquanto...Entretanto, se expressa facialmente de forma clara, o que facilita a comunicação com as famílias Bras. e German., Spielgrouppen e em outros grupos dos quais ele participa...
Enfim, tivemos uma fase delicada, parecida com a do seu querido Miguel, ele deixou um pouco o lado carismático de lado e adotou uma postura um pouco agressiva, as vezes, empurrando ou "balbuciando" bravo com outras crianças...Eu quase morria de vergonha e mesmo o corrigindo, sem o expor, (Com o meu pobre Alemão), perto das crianças e de suas maes, essas ultimas, se comportavam de modo imaturo e mal-humorado, fazendo cara feia para mim e para o Be...Ou achando que eu nao o educava (O que nao e o caso, amo meu filho e por isso o disciplino) ou achando que ele agia dessa forma de propósito, por maldade...
Amo a Alemanha, nem penso em voltar a morar no Brasil...Mas, acho que em um momento como esse, tem que ter jogo de cintura e bom-humor para compreender que as crianças agem assim, algumas vezes, por nao saberem exatamente como se expressarem, com tantos sentimentos, conhecimentos novos que vao adquirindo, essenciais para o bom e necessário desenvolvimento delas...
Digo isso, pois sou Psicóloga, por termos levado o Be para algumas avaliações Psicológicas, lemos muito a respeito e todos essas fontes de busca, nos confirmaram o que mencionei acima...Nao ha problemas com ele, mas um processo normal de desenvolvimento infantil...
Que bom que foi uma fase delicada por aqui e ai tmb...
E mais ainda, que bom que somos maes que amamos e compreendemos os nossos filhos, sem nunca abandona-los, mas seguimos os amando incondicionalmente :-)

Fiquem com Deus!
Um abraco do Allgau...
Marianna

Anônimo disse...

Oi Liza,

Depois que reli o meu post, vi que me esqueci de falar sobre a questão da agressividade ser um fator que merece atenção especial para crianças que ja "nascem" bilingues, e o caso do meu filho, acho que do seu tmb...Por eles terem a fala um pouco mais retardada, devido ao aprendizado simultâneo de 2 idiomas, em relação a outros amiguinhos, eles acabam se irritando por isso, podendo ate gritar em algumas situações, ja vivi isso com o Be e tentei entende-lo de outra forma, com sua expressão facial, por ex., como disse anteriormente... e deu certo! Graças a Deus, ele tem estado a cada dia melhor :-)

Desculpe a "falação"...Boa tarde para vcs :-)

Lúcia Soares disse...

Que bom que tudo está indo bem, Liza. Sempre vi o Miguel como uma criança sem problemas, apenas meio deslocado, mas o tempo ajudaria, eu tb "sabia" disso. Quero muito bater altos papos com ele quando o vir. Da última vez ele já estava mais solto, mais falante.
Tudo podemos, junto com Ele, né?
Beijinho no Miguel e no Davi.
beijo!