Um dos maiores problemas que tivemos na nossa viagem ao Brasil foi o Miguelzinho ter ficado doente e o seu desinteresse em comer qualquer coisa que nao fosse Mac Donalds. Nos primeiros dias (somente nos primeiros dias) ele não estranhou o clima e a única coisa que o perturbava muito era uma quantidade enorme de pernilongos que devoraram o coitadinho da cabeça aos pés. Fomos ao pediatra dele no Brasil e ela nos disse, além de dar remédios para aliviar a crise alérgica por causa das picadas, que nosso filho estava bem, mas que estava pirracento demais e que assim que chegassemos na Alemanha deveríamos ser mais duros com ele (tarefa difícil, mas necessária).
Com o passar dos dias e com o susto que o Bebeto nos deu - momento pausa: Bebeto super bem, mexendo no computador, teve uma crise de um minuto para o outro. Começou a tremer compulsivamente e ficou branco, muito branco. Febre de 40° que quase nos matou de susto. A explicação do médico do SUS que atendeu o Bebeto foi que como ele já tinha melhorado, não poderia diagnosticar nada (tem que chegar morrendo para receber diagnóstico, afinal não existem exames, né?). A explicação da médica particular do Miguel que aproveitou para dar uma olhadinha no Bebeto foi que provavelmente uma bactéria, ou vírus, caiu na corrente sanguínea desencadeando a crise. momento despausa - o Miguel pegou uma infecção virótica (rara, pois geralmente as infeccoes são bacterianas) e teve mais ou menos 5 ou 6 dias de febre. Durante a crise teve dias em que ele nem comia. Emagreceu, não dormiu e deixou o papai e a mamãe de hospital em hospital.
Já fomos para o Brasil pensando em fazer um check up dele lá (por causa da história que surgiu aqui que ele nao escutava direito, lembram?) e seguindo os conselhos da pediatra, fizemos todos os exames mais modernos para confirmar que vai tudo bem com a audição da pessoinha. Infelizmente um dos exames deu uma alteração que não tem nada a ver com a audição, mas sim com o comportamento. Para tirarmos a dúvida, pois algumas doenças neurológicas que desenvolvem nessa faixa etária do Miguel (como autismo, cogitado por uma das médicas) começam com sintomas como fingir que não está escutando, fomos também ao neurologista que descartou de cara qualquer problema neurológico. Ou seja, o Miguel está muito bem e o problema dele é que é muito mimado e que precisa se socializar mais e conviver com crianças da idade dele (eu entendi que era hora de um irmão, mas o pai preferiu colocar na escolinha. rs) Já tínhamos a ideia de voltar com o Miguel para a escola e essa ida no Brasil só nos deu mais ânimo de cumprir esse desejo nosso (vamos visitar uma escolinha amanha e se tudo der certo ele começa na segunda).


Por tudo isso, foi um alivio voltar para casa. Nosso pequeno já mostrou que não gosta de calor, que sente falta de casa e da nossa rotina e já estamos até pensando que ir para o Brasil no auge do verão não é uma boa escolha. A doença do Miguel no Brasil também nos mostrou a necessidade de manter um convênio lá, por que a saúde pública do Brasil vai de mal a pior. Cancelamos a unimed no ano passado, pois era mais vantagem pagar uma consulta do que pagar o convênio o ano todo, mas gastamos um dinheiro absurdo com médicos e exames nessas férias. Fico pensando em quem mora no Brasil, ganha 510 reais e tem 2 ou mais filhos, mas é difícil até imaginar (lembrei do post que li semana passada no blog da Arlete e me veio na hora a música que ela colocou lá: "Ó, mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado este carnaval, do outro a fome total..."