Minha bolsa rompeu no dia 18/06 às 08 da manha, exatamente quando completei 39 semanas. Foi uma sensação maravilhosa, primeiro por que eu não sentia dor nenhuma e por que sabia que logo estaria com meu filho nos braços. Organizei tudo o que tinha que fazer em casa, como me indicaram, e só então fomos para o hospital. Ao chegar lá, monitoraram o coração do Davi, fizeram um ultrassom e me colocaram de repouso absoluto por que ele não estava encaixado para o parto normal. Eu tinha apenas 2 cm de dilatação e ainda não sentia nada.
As dores começaram por volta da 2 da tarde e já chegaram bem fortes. Me perguntaram se eu queria tomar a anestesia e eu questionei se ela valeria para todo o parto e me disseram que sim, então nem pensei duas vezes e disse que queria. Tomei a anestesia por volta das 17 horas e não senti alivio nenhum nas dores. Por volta das 21 horas a dor ficou insuportável e eu questionei por que a anestesia não fazia efeito. Chamaram a anestesista que aumentou a dose, mas continuou não fazendo efeito algum e para completar eu tinha apenas 4 cm de dilatação.
Eu tinha mais ou menos de 5 a 6 contracoes em 10 minutos e todas muito fortes. Como as minhas contracoes vinham a cada minuto, eu não tinha tempo nem para respirar. Foi então que eu pensei, repensei, avaliei o sofrimento que eu estava sentindo e calculei que passaria por isso por pelo menos mais 6 horas, pois, geralmente, a cada hora se dilata 1 cm. Já havia se passado 15 horas desde que a bolsa tinha rompido e eu não tinha nem a metade da dilatação necessária e só tinha uma certeza: a peridural não funcionaria, então o restante das horas seria de mais dor. Foi ai que pedi por uma cesárea.
Pedi que chamassem a médica e disse que era minha vontade, mas ela não aceitou muito bem. Disse que eu deveria continuar a tentar o parto normal. Eu bati o pé e disse que não queria mais, que já não tinha forcas. Logo, logo a sala encheu de médicos tentando me convencer dos benefícios que o parto normal tem, mas eu me mantive firme. O obstetra então disse que não via necessidade na operação e eu disse que eu via já que era a minha vontade. Dai eles desistiram de tentar me convencer e a contra gosto e caras amarradas fizeram a cesária. Antes leram um monte de papeis com o risco que eu corria e todas as coisas ruins que poderia acontecer durante o parto.
Ainda assim não foi fácil. Uma das horas mais difíceis que que eu me lembro, foi a aplicação da anestesia espinhal. É sempre difícil a aplicação da anestesia em mim e os médicos acabam levando mais tempo que o normal. Eu não podia me mexer, tinha que ajudar forcando as costas para baixo e tinha contracoes fortíssimas que já não me davam 1 minuto de alivio. Mas, logo passou e o Davi nasceu esbanjando saúde, graças a Deus. O que eu sei é que seja normal ou cesária, parto dói muito, muito mesmo.
O que eu percebi é que aqui e no Brasil falta um equilíbrio por parte dos médicos. No Brasil há uma indicação exagerada por cesárea e aqui há uma forcacao exagerada pelo parto normal. Por exemplo, minha companheira de quarto teve 32 horas de trabalho de parto (e ela já tinha 6 cm de dilatacao) e no final precisou de 4 médicos em cima dela que já não tinha forcas para colocar o nenem pra fora, teve que fazer uma episiotomia e o parto teve que ser a vácuo. Tudo bem que a recuperação foi muito rápida, mas e o trauma que fica?
Eu não me arrependo de ter feito a cesária, por que eu realmente já não tinha forcas para encarar mais dores. Como eu já tinha feito uma no Brasil, sabia ao certo o que me esperava e por nem um segundo fiquei enganada que depois seria fácil. E é isso que indico às gravidas. Conhecimento nunca é demais. Pesquisem bastante todos os tipos de parto, esclareça todas as dúvidas com seu médico e não tenha medo de impor sua vontade quando necessário. Pense no que é melhor pra você e sua família e saiba que nem sempre o que é melhor para o outro vai ser melhor pra você também.
Algumas pessoas me olham torto até hoje quando explico o porque da opção pela cirurgia, mas quer saber, não me sinto fraca, nem irresponsável. Pelo contrário, me sinto corajosa por ter tentado e por ter ido até o meu limite e por ter tido forcas para reconhecer e impor minha vontade. Naquele momento eu pensei no meu bem estar e no bem estar do Davi e tenho certeza que a cesária não causou dano algum na saúde dele. Para mim isso é o mais importante. Agora depois dessa aventura, uma verdade ficou ainda mais forte pra mim: a família está definitivamente completa e não venham me falar que falta uma menina pra equilibrar, viu?